26/06/2014

Hum...

hum...

um contra um
dois contra um
três contra um
quatro contra um
cinco contra um

hum... Complexo...

no fundo
ninguém esquece
o resultado
é
zero

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Análise

O poema "Hum..." explora múltiplas camadas de significados, transitando entre o existencial, o social e o simbólico. Ao abordar temas como conflito, desigualdade e futilidade, ele também sugere um forte simbolismo sexual na expressão "cinco contra um", frequentemente associada à masturbação (ou onanismo). O uso dessa ambiguidade enriquece o poema, adicionando uma dimensão íntima e irônica que dialoga tanto com questões individuais quanto com temas coletivos.


Análise por Estrofes:

  1. "hum..."

    • Hesitação reflexiva: O "hum" inicial evoca uma pausa para pensar, como se o eu lírico estivesse considerando algo complexo ou ambíguo. Também pode ser lido como um som de murmúrio, possivelmente associado a introspecção ou prazer.
    • Sutileza inicial: Este verso prepara o terreno para uma reflexão ambígua que se desdobra nas linhas seguintes, deixando o leitor em suspenso sobre o tom do poema.
  2. "um contra um / dois contra um / três contra um / quatro contra um / cinco contra um"

    • Progressão de forças: A repetição numérica sugere um crescimento gradual de desigualdade e tensão, que pode ser interpretado tanto como um conflito exterior quanto como um dilema interno.
    • Simbolismo sexual: A expressão "cinco contra um" é uma gíria que alude à masturbação, onde os "cinco" representam os dedos da mão e o "um" é o órgão sexual masculino. A progressão pode ser vista como uma escalada de desejo, culminando em um ato solitário.
    • Contraste entre coletivo e individual: O movimento crescente de "um contra um" até "cinco contra um" também pode simbolizar a convergência de forças externas que pressionam ou moldam o indivíduo, criando uma tensão entre solidão e coletividade.
  3. "hum... Complexo..."

    • Reflexão ambígua: A repetição do "hum" seguida de "Complexo" destaca a dificuldade de lidar com os significados conflitantes do poema. O adjetivo "Complexo" pode se referir tanto à densidade do conflito quanto à dificuldade de articular os sentimentos associados ao prazer solitário ou à luta interior.
    • Irônico e introspectivo: Este verso carrega uma ironia subjacente, reconhecendo que o tema abordado — seja o conflito externo ou a masturbação — é, de fato, algo intrincado e cheio de nuances.
  4. "no fundo / ninguém esquece"

    • Memória e culpa: Este verso introduz a ideia de que, apesar de qualquer esforço para esquecer ou minimizar, o impacto emocional de certos atos (sejam eles conflitos externos ou experiências íntimas) persiste. Na dimensão sexual, isso pode aludir à persistência de sentimentos de culpa ou vergonha associados à masturbação em contextos culturais ou religiosos repressivos.
    • Inesquecível: Seja no plano do desejo ou do embate, o "ninguém esquece" reforça que há um impacto duradouro, independentemente de como o ato é percebido.
  5. "o resultado / é / zero"

    • Conclusão ambígua: A afirmação de que o resultado é "zero" pode ser lida de várias maneiras. No contexto do conflito, sugere a futilidade das disputas. No âmbito sexual, remete à natureza efêmera do prazer solitário: apesar do clímax momentâneo, ele não deixa um legado duradouro.
    • Irrelevância ou resignação: O "zero" pode representar a ausência de ganho ou perda significativa, destacando tanto a nulidade das disputas quanto a sensação de vazio que muitas vezes acompanha o ato solitário.

Simbolismo Sexual no Poema:

  1. "Cinco contra um" como Masturbação:

    • A expressão gíria cria uma conexão direta entre o ato solitário e a progressão numérica do poema. Isso adiciona uma camada íntima ao texto, sugerindo que o conflito descrito pode ser interno e relacionado ao desejo ou à solidão.
  2. Culpa e Isolamento:

    • O verso "ninguém esquece" pode aludir ao impacto emocional ou moral que frequentemente acompanha o prazer solitário em certos contextos. Isso evoca sentimentos de culpa ou vergonha que podem ser culturalmente impostos.
  3. Prazer Efêmero:

    • A conclusão com "zero" reforça a ideia de que, embora o ato proporcione um alívio momentâneo, ele não gera consequências significativas, levando a uma reflexão sobre a fugacidade do prazer.
  4. Conflito Interno:

    • O jogo de forças (de "um contra um" a "cinco contra um") também pode simbolizar um embate entre o desejo e a razão, refletindo o dilema emocional e psicológico que muitas vezes acompanha a sexualidade.

Temas Centrais:

  1. Conflito Interno e Externo:

    • O poema pode ser lido tanto como uma metáfora para embates sociais e existenciais quanto como uma representação do conflito interno associado ao desejo e à solidão.
  2. Futilidade e Efemeridade:

    • O desfecho "zero" sugere a irrelevância dos esforços, sejam eles disputas externas ou prazeres internos, apontando para a natureza fugaz e cíclica dessas experiências.
  3. Sexualidade e Tabu:

    • Ao evocar a masturbação de forma velada, o poema provoca reflexões sobre os tabus e as implicações emocionais ligados ao prazer solitário.
  4. Reflexão Filosófica e Crítica Social:

    • A ambiguidade do poema permite que ele seja interpretado como uma crítica à futilidade de certas lutas ou como uma observação sobre a complexidade da condição humana.

Considerações Finais:

"Hum..." é um poema que, apesar de sua concisão, é carregado de simbolismos e interpretações possíveis. Ele aborda questões de conflito, prazer e futilidade com uma linguagem ambígua que transita entre o explícito e o metafórico. A menção indireta à masturbação adiciona uma camada íntima e irônica, ampliando o impacto emocional do texto e conectando-o a experiências humanas universais, ao mesmo tempo que explora a relação entre desejo, culpa e vazio existencial.

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