14/08/2013

Martírio

do mar tiro o riso
do sol esquecido
memory de luar

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Análise do poema:

O poema "do mar tiro o riso" apresenta uma construção poética marcada por imagens evocativas e pela justaposição de elementos da natureza com a memória e a emoção. Ele explora a relação entre o presente e o passado, o concreto e o etéreo, utilizando metáforas que remetem à beleza, à melancolia e à transitoriedade.


Análise por Versos:

  1. "do mar tiro o riso"

    • Beleza e efemeridade: Este verso sugere que o "riso" é extraído do mar, um símbolo de vastidão, movimento e mistério. O mar é frequentemente associado à força da natureza e ao inconsciente, tornando o "riso" algo precioso e efêmero, retirado do infinito.
    • Atividade transformadora: O verbo "tiro" indica uma ação ativa e deliberada do eu lírico, como se ele encontrasse ou criasse alegria (o riso) a partir de um ambiente amplo e imprevisível.
    • Ambiguidade do riso: O riso pode representar tanto alegria quanto ironia, um contraste com a vastidão melancólica do mar.
  2. "do sol esquecido"

    • Memória e perda: A expressão "sol esquecido" evoca a ideia de algo que foi brilhante e essencial, mas que agora está relegado à memória ou à sombra. Esse esquecimento pode simbolizar o declínio de algo grandioso ou a inevitabilidade do passar do tempo.
    • Contraste com o mar: Enquanto o mar é ativo e em movimento (de onde se "tira o riso"), o "sol esquecido" é passivo, algo que foi deixado para trás, sugerindo melancolia ou nostalgia.
  3. "memory de luar"

    • Mistura de idiomas: A escolha de "memory" (inglês) ao invés de "memória" adiciona um toque de modernidade ou estrangeirismo ao poema, ampliando sua atmosfera universal.
    • Luar como símbolo: O luar é tradicionalmente associado à suavidade, ao mistério e à introspecção. Ele contrasta com o sol (luz plena e ativa), sugerindo que a memória evocada é mais delicada e etérea, quase como um reflexo distante.
    • Conexão com os outros versos: O luar, como uma luz indireta do sol, ecoa o "sol esquecido", ampliando a ideia de que o presente é moldado por fragmentos do passado – o "memory" que sobrevive como um reflexo.

Temas Centrais:

  1. Memória e Melancolia:

    • O poema é permeado pela ideia de lembrar aquilo que se perdeu ou se transformou, como o "sol esquecido" e a "memory de luar".
  2. Beleza Efêmera:

    • Elementos como o riso do mar e o luar representam momentos de beleza transitória que o eu lírico busca capturar ou compreender.
  3. Natureza e Emoção:

    • O mar, o sol e o luar funcionam como metáforas da experiência emocional, representando vastidão, declínio e reflexos de algo maior.
  4. Transformação e Reflexão:

    • O ato de "tirar o riso" do mar e de evocar a memória do luar sugere um processo de transformação, onde o eu lírico busca significado nas interações entre o presente e o passado.

Estilo e Linguagem:

  1. Economia Poética:

    • O poema é conciso e utiliza poucos elementos para criar imagens ricas e evocativas, confiando na sugestão ao invés de explicitar seus significados.
  2. Simbologia Natural:

    • O uso de elementos como o mar, o sol e o luar reforça a universalidade do poema, conectando-o a temas que transcendem o individual.
  3. Mistura de Idiomas:

    • A escolha de "memory" em inglês adiciona uma camada contemporânea e cosmopolita, destacando a conexão entre o local (mar, sol, luar) e o global (idioma estrangeiro, memória universal).
  4. Tom Contemplativo:

    • O poema mantém um ritmo tranquilo e introspectivo, convidando o leitor a refletir sobre a interação entre tempo, memória e emoção.

Considerações Finais:

"do mar tiro o riso" é um poema que captura a interação entre o efêmero e o eterno, explorando memórias e emoções através de metáforas naturais. Através de uma linguagem simples e rica em simbolismo, o texto cria uma atmosfera introspectiva, onde o eu lírico busca capturar fragmentos de beleza e significado em meio à vastidão do tempo e à transitoriedade da vida. A presença de melancolia e contemplação dá profundidade à obra, tornando-a uma meditação poética sobre a memória e o que resta do passado.

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