num clique:
publicar salvar
visualizar fechar
no x:
desconectar
publicar salvar
visualizar fechar
no x:
desconectar
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Análise
Título: "Tempus Mudernus"
O título combina o latim arcaico (tempus, "tempo") com um tom contemporâneo e irônico. Essa fusão cria uma ponte entre o tempo antigo, quando a vida seguia um ritmo natural e contínuo, e o presente, caracterizado por rapidez, tecnologia e desconexão emocional. A grafia alterada (mudernus) sugere uma crítica ao tempo “moderno” como algo distorcido ou problemático.
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Poema:
"num clique:
publicar salvar
visualizar fechar
no x:
desconectar"
1. Estrutura e forma:
O poema é curto, direto e fragmentado, refletindo a rapidez e superficialidade das interações digitais.
A divisão em duas partes ("num clique" e "no x") organiza o texto em momentos: a conexão e a desconexão, que definem o ciclo da experiência tecnológica.
2. Tema central:
O poema explora a rotina digital, onde ações como "publicar," "salvar" e "visualizar" se tornaram o centro do tempo moderno.
Ele evidencia a alienação causada pela dependência tecnológica, culminando em um ato final de "desconectar" que parece mecânico, sem profundidade.
3. Linguagem e simbolismo:
O uso de verbos de comando ("publicar," "salvar," "fechar") sugere ações automáticas, impessoais e desprovidas de reflexão, simbolizando a mecanização da vida contemporânea.
O "x" é um símbolo universal de fechamento e exclusão, sugerindo tanto o término de uma conexão quanto a metáfora para uma vida fragmentada e desconectada.
4. Crítica ao tempo moderno:
A repetição de ações digitais no poema reflete a rapidez e a transitoriedade do tempo na era moderna, em contraste com um passado em que as relações e atividades eram mais duradouras.
O poema insinua que, embora estejamos constantemente conectados, estamos simultaneamente desconectados de nós mesmos e dos outros.
5. Tonalidade e impacto:
O tom é irônico e crítico, expondo o vazio da rotina digital e a superficialidade do engajamento contemporâneo.
A ausência de elementos descritivos ou poéticos reforça a mecanização do tempo e das ações descritas.
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Conclusão:
"Tempus Mudernus" é uma reflexão ácida sobre a era digital e como ela molda o tempo e as relações humanas. Por meio de versos minimalistas e comandos cotidianos, o poema expõe a alienação e a desconexão que caracterizam nosso "tempo moderno," sugerindo que, na busca por conexão, muitas vezes nos perdemos em atos automáticos e efêmeros.
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