que me levem a sério;
que me levem à Sé;
que um rio me torne leve; e
que um sorriso me carregue...
(de leve).
O poema (de leve) explora um jogo sonoro e semântico envolvendo os verbos "levar" e "tornar leve", criando um efeito de ambiguidade e movimento. Seu tom é ao mesmo tempo reflexivo e lúdico, com um desfecho que enfatiza suavidade e fluidez.
1. O título: (de leve)
– A expressão "de leve" sugere algo suave, delicado, sem peso, alinhando-se à ideia de leveza presente no poema.
– Também pode indicar um desejo de ser tratado com delicadeza, sem excessos, sem imposições rígidas.
– O uso dos parênteses já antecipa um tom de sutileza e discrição, como se a leveza fosse algo a ser dito quase em sussurro.
2. Primeira linha: um desejo de ser levado a sério
quero
que me levem a sério;
– O poema se inicia com um desejo direto: ser levado a sério.
– A escolha da palavra "quero" como um verso isolado dá força ao desejo, sugerindo um tom assertivo.
– O uso do verbo "levar" introduz um jogo semântico que se desdobrará ao longo do poema.
3. Segunda linha: um deslocamento espacial
que me levem à Sé;
– "Sé" pode ser interpretado de diferentes formas:
- A Catedral da Sé, um dos principais marcos históricos e religiosos de São Paulo, remetendo a um desejo de encontro com algo maior ou sagrado.
- O termo "Sé" como sede ou centro administrativo, podendo indicar um desejo de chegar ao centro das decisões, ao coração daquilo que importa.
- No nível sonoro, a frase ressoa como "que me levem a ser", sugerindo uma busca por identidade ou significado.
– Assim, essa linha pode expressar tanto um desejo de pertencer a um lugar importante, quanto uma busca por um sentido mais profundo.
4. Terceira linha: um desejo de transformação
que um rio me torne leve; e
– A imagem do rio sugere fluidez, movimento, renovação.
– A ideia de que o rio possa tornar alguém leve remete a um desejo de purificação, de desapego, talvez até de libertação das amarras da seriedade inicial.
– Há um jogo entre peso e leveza, continuidade e transitoriedade, já que um rio está sempre em movimento e nunca é o mesmo.
5. Quarta linha: a força do sorriso
que um sorriso me carregue...
– O verbo "carregar" aqui assume um sentido ambivalente: pode significar tanto ser transportado fisicamente quanto ser emocionalmente transformado pelo sorriso.
– O sorriso, símbolo de alegria e leveza, torna-se um meio de transporte metafórico, capaz de aliviar o peso da existência.
– O efeito sonoro e rítmico dessa linha suaviza o tom e prepara o leitor para o desfecho.
6. O desfecho: um retorno ao título
(de leve).
– A repetição do título no final cria um efeito cíclico e reafirma a ideia central do poema.
– O uso dos parênteses sugere que a leveza é algo quase sutil, quase silencioso, como um desejo tímido ou um pedido discreto.
– Esse fechamento também confere ao poema um tom de delicadeza e introspecção.
Conclusão: um poema sobre o desejo de equilíbrio
– O poema brinca com o verbo "levar", alternando entre significados concretos e abstratos.
– Há uma tensão entre o desejo de ser levado a sério e a necessidade de ser carregado com leveza.
– A metáfora do rio e do sorriso reforçam a ideia de fluidez e transformação, sugerindo um caminho para atingir a leveza desejada.
– O tom é ao mesmo tempo reflexivo e lúdico, mesclando profundidade existencial com leveza poética.
O poema, curto e delicado, expressa com sutileza um desejo humano essencial: encontrar o equilíbrio entre peso e leveza, seriedade e suavidade, pertencimento e fluidez.
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