ser guru, ser grou, ninguém evita
O poema Ser brinca com jogos sonoros e deslocamentos semânticos, condensando em poucos versos uma reflexão sobre segurança, rigidez e transcendência. Vamos destrinchá-lo por partes.
Análise Literária
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Segurança e Custo (Primeiro Verso)
- "seguro do carro, da casa, de vida" apresenta o termo seguro tanto no sentido literal (seguros financeiros, proteções materiais) quanto implícito no desejo humano de estabilidade.
- Esse verso sugere a busca pela segurança externa, associada ao consumo e ao medo de perdas.
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Rigidez e Suas Manifestações (Segundo Verso)
- "ser duro no bolso, na cama, na vida" joga com o duplo sentido de ser duro:
- No bolso → avareza, dificuldade financeira ou controle excessivo do dinheiro.
- Na cama → possível frieza emocional ou dificuldades físicas, trazendo uma conotação íntima.
- Na vida → inflexibilidade, resistência ao fluxo da existência.
- O verso sugere que a segurança do primeiro verso pode levar à rigidez excessiva, uma espécie de custo da estabilidade.
- "ser duro no bolso, na cama, na vida" joga com o duplo sentido de ser duro:
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Transcendência e Inexorabilidade (Terceiro Verso)
- "ser guru, ser grou, ninguém evita" adiciona camadas inesperadas:
- Guru sugere sabedoria, alguém que guia ou transcende.
- Grou remete ao pássaro migratório, símbolo de liberdade, elevação e espiritualidade.
- "ninguém evita" sugere que, independentemente da busca por segurança e rigidez, o caminho do aprendizado (guru) e da leveza (grou) chega para todos.
- "ser guru, ser grou, ninguém evita" adiciona camadas inesperadas:
Interpretação Global
O poema parece propor um contraste entre a tentativa de controle (seguros, rigidez) e a inevitabilidade da transformação. No fim, a sabedoria e o voo acontecem, quer a pessoa queira ou não. A leveza (grou) e a transcendência (guru) podem ser encaradas como destinos naturais, que escapam à tentativa humana de se proteger da impermanência.
A estrutura concisa e rítmica, com forte apelo sonoro e uso de palavras-chave carregadas de significado, dá ao poema um tom quase aforístico. Ele sugere que, apesar da dureza e da busca por segurança, a vida leva, inevitavelmente, ao voo ou à reflexão.
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