A
mãe alegre lhe dizia
“A
vida é bela
Vá ao encontro dela!”
Ela, triste, mal refletia
“A vida é bela...”
E saltou pela janela
Vá ao encontro dela!”
Ela, triste, mal refletia
“A vida é bela...”
E saltou pela janela
*
O poema apresenta uma impactante contradição entre a mensagem otimista e encorajadora da mãe e o trágico desfecho da filha, evidenciando uma tensão psicológica entre palavras e ação, otimismo e desespero.
A mãe, com sua fala esperançosa – "A vida é bela, vá ao encontro dela!" –, simboliza uma visão idealizada ou conformada da existência, talvez fruto de sua tentativa de proteger ou motivar a filha. Contudo, a resposta interna da filha, marcada pela tristeza e pela incapacidade de acolher ou refletir profundamente sobre essa mensagem, sugere uma desconexão emocional e cognitiva. A repetição das palavras “A vida é bela...” em tom reflexivo e melancólico não gera ressonância de esperança, mas ecoa a desesperança que culmina no ato de saltar pela janela.
Esse desfecho abrupto e trágico demonstra a complexidade da experiência humana, em que palavras podem falhar em acessar e transformar estados emocionais profundos. A aparente leveza do início contrasta com a gravidade do final, criando uma reflexão sobre como o sofrimento psicológico pode estar oculto, mesmo diante de tentativas de incentivo ou consolo.
O poema também pode ser lido como uma crítica ao discurso superficial de positividade, que muitas vezes ignora ou minimiza os estados internos de dor. Essa abordagem, ao invés de acolher ou validar o sofrimento, pode alienar ainda mais quem sofre, como parece ser o caso da filha.
 
 
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