08/02/2025

Presença e Esvanecimento


"Nuvens não nascem

Nuvens não morrem

Nuvens se movem...

E correm, correm, correm...

No coletivo do tempo

Presença e esvanecimento"


*


Análise:

O poema apresenta uma estrutura concisa e fluida, evocando imagens e sensações que remetem à impermanência, um tema comum tanto na poesia quanto em filosofias como o budismo. Eis alguns pontos de análise:

  1. Impermanência e Movimento

    • Os versos iniciais, "Nuvens não nascem / Nuvens não morrem", sugerem uma perspectiva não linear do tempo e da existência, aproximando-se da ideia de que tudo está em constante transformação, sem um início ou fim fixos. Esse conceito ecoa a visão budista da vacuidade e da interdependência dos fenômenos.
    • O verbo "se movem" reforça essa ideia de fluxo contínuo, destacando a natureza transitória da realidade.
  2. Ritmo e Repetição

    • A repetição do verbo "correm, correm, correm..." imprime velocidade e reforça a ideia de incessante movimento. Esse recurso sonoro intensifica a sensação de passagem do tempo e de efemeridade.
    • A cadência do poema é ritmada, quase musical, o que contribui para a fluidez da leitura e para a imersão do leitor na imagem sugerida.
  3. Coletividade e Tempo

    • A expressão "No coletivo do tempo" pode ser interpretada como uma referência à interconectividade de todas as coisas dentro do fluxo temporal. Nada existe de forma isolada; tudo participa de um movimento maior, em comunhão com o tempo.
    • O uso da palavra "coletivo" também pode sugerir um contraste entre a individualidade aparente das nuvens e sua participação em um fenômeno maior e compartilhado.
  4. Presença e Esvanecimento

    • O verso final, "Presença e esvanecimento", sintetiza o paradoxo da existência: algo pode estar presente e, ao mesmo tempo, estar a caminho de desaparecer.
    • Essa ambiguidade reforça a ideia de que a vida é um fluxo, onde as coisas surgem e desaparecem sem uma separação rígida entre ser e não ser.

Considerações Finais

O poema é delicado e filosófico, evocando a transitoriedade da vida de maneira visual e sensorial. Sua estrutura simples e sua musicalidade reforçam sua mensagem, tornando-o não apenas uma reflexão conceitual, mas também uma experiência estética.

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