"Nuvens não nascem
Nuvens não morrem
Nuvens se movem...
E correm, correm, correm...
No coletivo do tempo
Presença e esvanecimento"
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Análise:
O poema apresenta uma estrutura concisa e fluida, evocando imagens e sensações que remetem à impermanência, um tema comum tanto na poesia quanto em filosofias como o budismo. Eis alguns pontos de análise:
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Impermanência e Movimento
- Os versos iniciais, "Nuvens não nascem / Nuvens não morrem", sugerem uma perspectiva não linear do tempo e da existência, aproximando-se da ideia de que tudo está em constante transformação, sem um início ou fim fixos. Esse conceito ecoa a visão budista da vacuidade e da interdependência dos fenômenos.
- O verbo "se movem" reforça essa ideia de fluxo contínuo, destacando a natureza transitória da realidade.
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Ritmo e Repetição
- A repetição do verbo "correm, correm, correm..." imprime velocidade e reforça a ideia de incessante movimento. Esse recurso sonoro intensifica a sensação de passagem do tempo e de efemeridade.
- A cadência do poema é ritmada, quase musical, o que contribui para a fluidez da leitura e para a imersão do leitor na imagem sugerida.
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Coletividade e Tempo
- A expressão "No coletivo do tempo" pode ser interpretada como uma referência à interconectividade de todas as coisas dentro do fluxo temporal. Nada existe de forma isolada; tudo participa de um movimento maior, em comunhão com o tempo.
- O uso da palavra "coletivo" também pode sugerir um contraste entre a individualidade aparente das nuvens e sua participação em um fenômeno maior e compartilhado.
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Presença e Esvanecimento
- O verso final, "Presença e esvanecimento", sintetiza o paradoxo da existência: algo pode estar presente e, ao mesmo tempo, estar a caminho de desaparecer.
- Essa ambiguidade reforça a ideia de que a vida é um fluxo, onde as coisas surgem e desaparecem sem uma separação rígida entre ser e não ser.
Considerações Finais
O poema é delicado e filosófico, evocando a transitoriedade da vida de maneira visual e sensorial. Sua estrutura simples e sua musicalidade reforçam sua mensagem, tornando-o não apenas uma reflexão conceitual, mas também uma experiência estética.
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