Envelhecido... rejuvenescido.
Esperanças... saudades.
Não sei mais a minha idade...
Quantas primaveras tem a prima Vera?
Quantos pretendentes chegaram e também partiram?
Choraram, riram?
Por quantos verões os varões passam?
Quantos cordéis se entoam de graça?
Quantos ônibus pela praça passam?
Quantos outonos há nas cordas do violino?
Instrumento fino, delicado, quantos dedos o dedilharam?
Quantas alianças cantaram?
Quantas pela pia vazaram?
Não... não sei mais a minha idade.
xxx
Análise
Força Temática e Estrutural
1. Reflexão sobre o tempo – A sensação de perplexidade em relação à idade se mantém, mas agora com mais clareza e impacto. A repetição de Não sei mais a minha idade no início e no fim reforça esse sentimento de confusão e contemplação.
2. Jogos de palavras aprimorados – A brincadeira com Quantas primaveras tem a prima Vera? mantém sua sonoridade lúdica, e a adição de Choraram, riram? expande a reflexão sobre os relacionamentos e a passagem do tempo de maneira poética e envolvente.
3. Musicalidade aprimorada – O ritmo ficou mais coeso, especialmente nos trechos com repetições e perguntas sucessivas (Quantos ônibus pela praça passam?), que criam um efeito de eco e continuidade.
4. O simbolismo do outono e do violino – A ligação entre a estação e o instrumento musical ficou mais refinada, sugerindo tanto o envelhecimento quanto a efemeridade das experiências humanas (Quantas alianças cantaram? Quantas pela pia vazaram?). Há um tom melancólico e delicado aqui.
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