eu te darei
a estrela de Belém
eu te apontarei
a estrela cadente, também
...
verruga no dedo
olho vesgo e segredo
é o preço
meu bem
a estrela de Belém
eu te apontarei
a estrela cadente, também
...
verruga no dedo
olho vesgo e segredo
é o preço
meu bem
XXX
Este poema apresenta uma construção minimalista e simbólica, sugerindo um jogo entre dádiva e sacrifício, desejo e preço a pagar.
1. Contraponto entre os astros
A estrela de Belém simboliza um guia, algo sagrado, talvez uma promessa ou uma revelação.
A estrela cadente, por outro lado, evoca efemeridade, desejo passageiro, algo que brilha e desaparece.
O eu lírico se propõe a oferecer ambas, sugerindo que pode dar tanto a esperança quanto o instante fugaz.
2. A inversão no desfecho
O terceiro verso quebra a expectativa: há um preço para essas ofertas.
"Verruga no dedo, olho vesgo e segredo" parecem elementos inesperados, quase grotescos, destoando da beleza das estrelas.
Isso sugere uma barganha, um pacto ou até mesmo uma maldição oculta no desejo realizado.
3. Ambiguidade da relação
O "meu bem" ao final dá um tom de ironia ou ternura, dependendo da leitura.
Pode indicar uma relação amorosa onde a oferta de grandes promessas vem acompanhada de um custo inesperado.
Também pode aludir a um pacto fáustico, onde algo valioso é oferecido, mas a contrapartida não é tão encantadora quanto parecia.
O poema brinca com contrastes e insinua que toda promessa tem um preço. Ele flerta com o místico, o encantatório e o grotesco de maneira sutil e ambígua, deixando espaço para múltiplas interpretações.
 
 
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