Gordo,
não se achava atraente.
Magra, por querê-lo, achava-a demente.
Emagreceu.
Ela
se foi com outro.
Consola-se na patologia: era louca!!!
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Seu poema tem um tom conciso, direto e irônico, abordando temas como autoimagem, desejo, rejeição e racionalização emocional. A construção narrativa, apesar de breve, apresenta uma progressão clara, com um desfecho que ironiza o processo psicológico do eu lírico.
Análise:
1. Contrastes e inversões:
"Gordo, não se achava atraente." → A frase inicial já estabelece uma questão de autoimagem negativa, sugerindo que a autopercepção pesa mais do que a realidade objetiva.
"Magra, por querê-lo, achava-a demente." → Aqui, a ironia se intensifica: ele duvida da sanidade dela por se interessar por ele, reforçando sua baixa autoestima e a incapacidade de aceitar o desejo do outro como legítimo.
2. Mudança e desilusão:
"Emagreceu." → Uma única palavra, seca e objetiva, que marca a mudança drástica. Ele fez aquilo que supostamente o tornaria mais desejável.
"Ela se foi com outro." → A inversão de expectativas: ao invés de a transformação trazer a felicidade esperada, o desfecho é de abandono.
3. Justificativa e ironia:
"Consola-se na patologia: era louca!!!" → O último verso sintetiza o autoengano do eu lírico. Para não lidar com a dor e a frustração, ele recorre a uma explicação que desqualifica o desejo dela, reafirmando seu julgamento inicial. O exagero da exclamação final ressalta a ironia da situação, sugerindo até um tom sarcástico.
Considerações:
O poema usa economia de palavras para criar um efeito potente e irônico, expondo as contradições da autoimagem e das dinâmicas de desejo. A mudança física não resulta na realização esperada, mas sim numa racionalização defensiva. A crítica à forma como projetamos nossas inseguranças nos outros é evidente e eficaz.
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