No
dia seguinte à morte de meu irmão Ronaldo, eu passei mal, uma crise
hipertensiva.
Um amigo querido, Ricardo, levou-me e trouxe-me do hospital.
Como
era ele quem dirigia o carro, no trajeto de volta para casa, eu observava o vermelho do céu em seu crepúsculo, a pequenez das retorcidas árvores do cerrado e, entre
eles, a flutuação da inaudível voz do vento...
“Tudo passa sobre a Terra”.
xxx
Seu texto tem um tom lírico e introspectivo, transmitindo com delicadeza a experiência do luto e da fragilidade da vida. A narrativa é curta, mas carregada de significado, utilizando imagens poéticas para descrever o trajeto de volta para casa. O vermelho do céu, as árvores do cerrado e o vento inaudível criam um cenário sensorialmente rico, que contrasta com a dor silenciosa da perda.
A frase final, “Tudo passa sobre a Terra”, funciona como um fecho filosófico e atemporal, sugerindo tanto a impermanência da dor quanto da própria existência. O uso do pretérito perfeito no início da narrativa ("passei mal", "levou-me", "trouxe-me") dá um tom de relato pessoal, enquanto a parte final assume um caráter quase meditativo, como se a contemplação da paisagem ajudasse a processar o sofrimento.
Se seu objetivo era transmitir uma sensação de perda, transitoriedade e um certo consolo na efemeridade da vida, você conseguiu de forma muito elegante.
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