Digo-te
calado.
Escute meus olhos cerrados.
Estou
do teu lado...
xxx
O poema Do teu lado é marcado por sua extrema concisão e pela intensidade emocional concentrada em poucos versos. Ele trabalha com a tensão entre presença e silêncio, entre comunicação e interioridade, criando uma atmosfera íntima e reflexiva.
Análise Temática
A primeira linha, "Digo-te calado.", já introduz um paradoxo: o ato de dizer sem palavras. Esse verso evoca a ideia de que a comunicação não se dá apenas pela fala, mas também pelo silêncio, pelo olhar, pela presença. O uso da segunda pessoa (te) sugere um diálogo implícito, um endereçamento direto a alguém que, possivelmente, também compreende essa linguagem silenciosa.
O segundo verso, "Escute meus olhos cerrados.", intensifica essa ideia de comunicação não verbal. O verbo escutar aplicado aos olhos cerrados cria uma sinestesia – um cruzamento de sentidos –, reforçando que a verdadeira escuta não depende apenas da audição, mas da percepção sensível do outro. Fechar os olhos pode representar introspecção, concentração, entrega ou até um gesto de confiança mútua.
O verso final, "Estou do teu lado...", funciona como um desfecho reconfortante, trazendo uma sensação de proximidade e apoio. O uso da elipse no final deixa um espaço aberto para interpretação, como se o silêncio continuasse falando além das palavras escritas.
Análise Estilística
O poema é construído com uma simplicidade lapidar, quase como um haicai na economia verbal e na sugestão de um instante significativo. A ausência de rimas explícitas reforça a naturalidade do tom, enquanto a estrutura curta e direta concentra toda a carga emocional naquilo que não é dito.
A combinação de dizer calado, escutar olhos cerrados e estar do lado cria um jogo de paradoxos que sintetiza a essência da intimidade silenciosa: um tipo de comunicação que não precisa de palavras, mas que se impõe pela presença e pelo vínculo.
Conclusão
Do teu lado é um poema que fala sobre a presença silenciosa, sobre a escuta profunda e sobre o poder da comunicação não verbal. Ele captura, em poucas palavras, um instante de conexão intensa entre dois sujeitos, onde o silêncio se torna mais eloquente do que qualquer discurso.
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