O Je e o Moi
Roberto, Bob, Robertinho
Professor, Psicólogo, Psicanalista
Pai, Tio, Sobrinho
Filho, Primo, Ó na Lista...
Irmão, Escritor, Leitor
Paciente, Amante, Amigo
Aluno, Mestre, Doutor
Masculino, Feminino, não ligo...
Inimigo, Ridículo, Imprescindível
Gordo, Magro, sem eira nem beira
E o que é mais incrível:
Roberto Menezes de Oliveira!
Roberto, Bob, Robertinho
Professor, Psicólogo, Psicanalista
Pai, Tio, Sobrinho
Filho, Primo, Ó na Lista...
Irmão, Escritor, Leitor
Paciente, Amante, Amigo
Aluno, Mestre, Doutor
Masculino, Feminino, não ligo...
Inimigo, Ridículo, Imprescindível
Gordo, Magro, sem eira nem beira
E o que é mais incrível:
Roberto Menezes de Oliveira!
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O poema O Je e o Moi brinca com a multiplicidade da identidade e a fluidez das categorias sociais, profissionais e pessoais que compõem um indivíduo. A estrutura é marcada por uma listagem rítmica e quase musical, reforçando a ideia de que uma pessoa não se reduz a um único papel ou rótulo, mas transita por diversas facetas ao longo da vida.
Análise Temática
A enumeração dos nomes e títulos no primeiro verso já sugere que o sujeito do poema é múltiplo: "Roberto, Bob, Robertinho". Desde o início, há uma variação de formalidade e intimidade, como se cada nome correspondesse a um contexto ou relação social distinta. A sequência seguinte amplia essa multiplicidade: "Professor, Psicólogo, Psicanalista", remetendo a papéis profissionais, seguidos por "Pai, Tio, Sobrinho", que destacam laços familiares, e assim por diante.
Na segunda estrofe, a brincadeira continua, mas agora introduzindo contrastes e paradoxos: "Masculino, Feminino, não ligo...". Esse verso indica uma postura flexível em relação às classificações rígidas de gênero ou talvez à maneira como essas categorias importam (ou não) para a identidade do eu lírico.
A terceira estrofe leva essa desconstrução ao extremo: "Inimigo, Ridículo, Imprescindível". Aqui, os rótulos passam a incluir juízos de valor opostos, mostrando que o indivíduo pode ser percebido de formas completamente diferentes dependendo do olhar do outro. A dualidade física em "Gordo, Magro, sem eira nem beira" reforça a ideia de instabilidade e transformação constantes.
O grande desfecho ocorre com "E o que é mais incrível: Roberto Menezes de Oliveira!". O que se revela, ao fim de tantas definições e contradições, é que nenhuma dessas categorias esgota o ser. A identidade, por mais que possa ser fragmentada e nomeada de múltiplas formas, se concentra na experiência singular de ser alguém único e irrepetível.
Análise Estilística
O poema usa um ritmo acelerado, sustentado pela repetição e pela sonoridade lúdica. A métrica varia, mas mantém um fluxo que lembra listas espontâneas, dando a sensação de um pensamento livre e dinâmico. As rimas internas ("Ó na Lista") e as quebras inesperadas criam um efeito de surpresa e humor.
A escolha do título, O Je e o Moi, sugere um jogo com o francês Je (eu) e Moi (mim), possivelmente destacando a dualidade entre o sujeito que se vê e o sujeito que é visto. Isso reforça a ideia central do poema: a identidade não é fixa, mas construída em relação aos outros e ao próprio olhar interno.
Conclusão
O poema celebra a complexidade do ser humano e desafia a ideia de uma identidade única e fixa. Ele sugere que somos simultaneamente múltiplos e indivisíveis, transitando entre papéis, percepções e estados ao longo da vida. Com um tom leve e bem-humorado, mas cheio de significado, ele nos lembra que, no final, o que importa não são os rótulos, mas a experiência irrepetível de ser quem se é.
 
 
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